ORGANIZAÇÃO DO MOVIMENTO MENSAGEM AO PARTIDO
Como afirmamos na convocatória deste Encontro Nacional, “a Mensagem ao Partido consolidou-se como a segunda corrente política mais influente do Partido dos Trabalhadores. Além de partilhar o esforço de direção nacional do partido nestes anos de enormes desafios, os companheiros e as companheiras da Mensagem tiveram e têm participação destacada em vários ministérios estratégicos do governo Lula e, agora, do governo Dilma.
A Mensagem expandiu sua força parlamentar nacional, em governos estaduais, em diversas administrações municipais, alcançou decisiva interlocução no meio intelectual de esquerda, enraizou-se em praticamente todo o país, está presente com força nos movimentos sociais, como na CUT e na UNE, nos movimentos feministas, nos movimentos negros e no movimento ambientalista.”
A Mensagem surgiu e se desenvolveu como um movimento político interno ao PT. Não é uma tendência, mas não é uma mera frente eleitoral. Dela fazem parte uma tendência interna nacional de longa trajetória no PT – a DS-, uma tendência nacional de jovens – o MAIS -, dezenas de agrupamentos regionais, locais, e um grande contingente de militantes avulsos. Podemos chamá-la de uma federação interna permanente, o que não é novidade no PT atual, vide a escolha do novo presidente do PT na tendência minoritária entre as três que formam a atual maioria no partido.A sua consolidação como movimento político depende fundamentalmente de sua capacidade de elaborar e propor políticas ao PT.
Assim o fizemos no Manifesto Mensagem ao Partido, que deu origem a este movimento em 2007, nas propostas nacionais que lançamos com nossa chapa nos dois PEDs dos quais desde então participamos, no Manifesto ao 4º Congresso do PT, e em outros posicionamentos na vida partidária.
Mas, sua consolidação depende também de sua capacidade de estruturação orgânica mínima, de maneira que sejam criados canais internos de debate e unificação de nosso movimento. Isso pressupõe a instauração de um clima interno de busca da unidade. Em algumas ocasiões – e particularmente em alguns estados – há um histórico de conflitos entre agrupamentos que fazem parte da Mensagem. Estas situações devem ser encaradas com naturalidade, fazem parte da organização real do PT hoje, e não se deve buscar superá-las burocrática e artificialmente.
Porém, é pressuposto essencial para que cada vez sejamos mais fortes como movimento nacional, que se avance na superação de divergências regionais ou setoriais. Para tanto, além de uma coordenação nacional que dialogue com a Mensagem nos estados e municípios, devemos criar organismos unitários da Mensagem em cada esfera de atuação.
Como forma de concretizar essa proposta e avançar na construção de nosso movimento, propomos que a Mensagem se organize da seguinte forma:
- Coordenação Nacional da Mensagem. Composta por nossos representantes no Diretório Nacional e pela Coordenação da Bancada Federal da Mensagem. Esta coordenação deverá se reunir no mínimo uma vez antes de cada reunião do DN.
- Comissão Executiva Nacional da Mensagem. Formada pelos membros da coordenação da bancada federal da Mensagem mais os seguintes companheiros: Alberto Koppitke, Arlete Sampaio, Carlos Henrique Árabe, Elói Pietá, Joaquim Soriano e Ricardo de Azevedo. Esta comissão executiva deverá se reunir semanalmente, em Brasília, com apoio de uma secretaria operacional. A Comissão Executiva Nacional será responsável pela manutenção e atualização sistemática do site nacional da Mensagem, elemento fundamental no processo de debates e de sua unificação política. Será responsável também pelo estabelecimento e execução de uma política de finanças, elemento indispensável não só para a manutenção do site bem como para a realização de viagens e encontros.
- Coordenações Executivas Estaduais. Deverão obrigatoriamente abranger todos os agrupamentos da Mensagem existentes no âmbito estadual, mais lideranças estaduais destacadas, e se reunir com periodicidade a ser definida em cada estado.
- Coordenações Executivas Municipais. Com as mesmas características estaduais aplicadas ao plano local.
Elói Pietá - Secretário Geral do PT
terça-feira, 26 de julho de 2011
Texto subsídio ao Encontro Nacional da Mensagem - Por Tarso Genro.
Uma mensagem renovada para os novos sujeitos da política
No momento em que nos preparamos para mais um encontro nacional do movimento político “Mensagem ao Partido” creio que seja adequado atualizarmos nossa reflexão a respeito das novas dinâmicas, que caracterizam a política na crise da modernidade, visando a incorporação de novas formas de luta política e organização, relacionando-as aos tradicionais parâmetros, já consagrados pelos movimentos sociais e de trabalhadores organizados.
Novos sujeitos políticos estão surgindo no interior de um processo de desconstituição da política, que ocorre em escala mundial, após o fracasso das receitas neoliberais para a reforma do Estado. Esses novos atores florescem fora dos partidos, tanto nos regimes democráticos quanto nos países autoritários.
Quem substitui os partidos, hoje, são as redes sociais, as organizações de defesa do direito das mulheres contra Berlusconi na Itália, os movimentos populares de jovens no Egito, o M-15 na Espanha e os “banlieues” nas periferias de Paris.
Estes são movimentos em rede, que não pedem licença aos partidos ou aos sindicatos. Exigem reformas, reconhecimento, oportunidades de trabalho, democracia e participação. São movimentos relativamente espontâneos, não contra a política, mas por outra política. E todo espontaneísmo é sadio quando se desdobra, em algum momento, em organização consciente.
Entretanto, estas experiências de luta podem tornar-se perigosas ou contraproducentes, em termos democráticos, caso seja cristalizada uma dinâmica fragmentária, despolitizada, que segue seu fluxo sem substituir o “velho” por uma nova ordem: a desesperança, nesse caso, pode redundar em salvacionismo ditatorial reciclado, gerando uma situação inclusive pior que a anterior.
As redes sociais são exemplos dos novos sujeitos políticos.
Poucos partidos têm compreendido a profundidade desses movimentos, permanecendo incapazes de apresentar alternativas. A maioria dá seqüência à defesa de seus programas de governo, alternando doses maiores ou menores de “liberalismo” ou “keynesianismo”.
Estão desatentos ao fato de que as relações culturais, científicas e econômicas globais mudaram tudo. E que hoje é preciso propor novas formas de organização do Estado, novos tipos de políticas públicas e também organizar um novo sistema de defesa da moral pública, fundada no interesse público.
Os partidos de esquerda que mantiverem apenas a velha tradição de luta interna pelo controle dos aparelhos de poder, sem projeto ousado e inovador, ficarão cada vez mais distantes das bases sociais já em movimento, que lutam para promover a democratização da democracia.
A questão democrática, os debates sobre o Estado e a respeito da incorporação dos novos sujeitos na ação política; o tema da relação Estado-sociedade e do necessário deslocamento do controle sobre o Estado - do controle do capital financeiro para o controle democrático da sociedade – são as questões fundamentais, hoje, da luta política socialista.
Os socialistas gregos, espanhóis, italianos e portugueses, ficaram vendo o “bonde passar” sem fazer as suas reformas, para serem reformados pelo mercado, que capturou o Estado e reiniciou a devastação das velhas conquistas da social-democracia.
A experiência do PT, e demais partidos aliados, nos oitos anos do Governo do Presidente Lula e, agora, sob a liderança da Presidente Dilma avançou significativamente na direção de uma estratégia política pós-neoliberal. Mas sabemos que o fez de forma corajosa, mas ainda insuficiente para livrar o estado da escravidão da dívida pública.
Recuperamos a capacidade de investimento e indução de estratégias de desenvolvimento por parte do Estado brasileiro; contribuímos para o estabelecimento de um novo patamar de relações entre os países em desenvolvimento; avançamos no combate à miséria ao mesmo tempo em que o país manteve sua economia aquecida em meio a uma das mais profundas crises da economia global.
O PT e a “Mensagem” fazem parte desse vigoroso processo de afirmação de alternativas ao neoliberalismo. Mas o sucesso da nossa experiência à frente do Governo Federal não pode nos inibir a reflexão estratégica a respeito dos impasses e desafios da democracia brasileira.
O aprofundamento e a sustentação da “Revolução Democrática” nos próximos anos dependerão, em grande medida, da capacidade do PT em apresentar-se como porta-voz de um movimento em favor de uma profunda renovação programática e militante da esquerda mundial. E nenhuma estratégia política de esquerda no século XXI terá êxito se não for acompanhada de um profundo diálogo com o conjunto, ainda disperso, de novos sujeitos sociais e políticos, que hoje são o fermento da renovação da democracia no novo século.
Já não basta a defesa do Bem-Estar e da inclusão social. É preciso pensar também a inclusão política, o acolhimento por parte das estruturas do Estado de toda a energia renovadora e transformadora de uma sociedade civil cada vez mais complexa e atomizada.
O desafio de aprofundar as mudanças
O novo modelo de desenvolvimento, iniciado pelos dois mandatos do Presidente Lula e que terá sua continuidade com a Presidenta Dilma, tem como algumas de suas características principais:
a) uma ação externa de diversificação das relações políticas e econômicas, sem subordinação aos centros orgânicos superiores, que controlam e tutelam a globalização segundo os seus interesses;
b) uma ação no plano econômico global, que combina o fortalecimento de grandes empresas multinacionais brasileiras - estatais e privadas – com o fortalecimento de relações comerciais e políticas com os países pobres e os novos centros econômicos mundiais (China, Índia, África do Sul, União Européia);
c) uma intervenção planejada do estado na economia, com políticas industrial, educacional, de ciência e tecnologia – combinadas com o fortalecimento do mercado interno através da geração planejada de empregos e políticas de distribuição de renda;
d) um diálogo político e social ampliado, colocando em pé de igualdade perante o Estado, tanto os setores empresariais como as instituições do movimento popular e sindical;
e) a afirmação dos valores do republicanismo democrático, ampla liberdade de imprensa, de mobilização para os movimentos sociais, com políticas de defesa dos direitos humanos e continuada luta contra a corrupção, como jamais ocorrera na história do país;
f) a instituição de uma política de defesa para o Brasil, em processo inicial de implementação, que nos retira da subserviência histórica, mantida por todos os governos que nos antecederam.
O principal desafio do novo período será desdobrar esse conjunto de questões em agendas capazes de renovar nossa perspectiva de mudança estrutural da sociedade brasileira. O PT precisa desempenhar um papel decisivo nesse quadro de renovação programática necessária de nossa experiência à frente do Governo Federal. E assim, passo a enumerar o que considero uma nova postura do nosso Partido, perante temas relevantes que configuram os desafios da esquerda:
1) Uma nova atitude perante os governos do PT:
Nossa atitude perante os governos do nosso Partido deve pautar-se pela promoção da unidade dos partidos de esquerda, dentro das coalizões. Devemos considerá-los aliados preferenciais para a composição dos governos e para a elaboração acordada de programas.
Devemos promover, com eles, um sistema de alianças que seja capaz de hegemonizar o centro progressista, não somente formulando propostas de governo (que tais posições políticas possam defender com coerência), mas também promovendo lideranças “sem partido”, nos governos, que sejam representativas do sentimento democrático e progressista que inspiram as nossas propostas.
2) Uma nova atitude perante os demais Partidos do campo democrático de esquerda ou de cunho democrático:
As relações com os demais partidos do campo democrático ou de esquerda, não podem ser estabelecidas a partir das características imputadas a estes pela grande mídia. Na luta pela composição das alianças, o que deve ser observado, em primeiro lugar, é o seu conteúdo programático, as características do partido possivelmente aliado na região e a credibilidade dos indivíduos que os representam. O país carece de partidos nacionais de corte ideológico definido e, muitas vezes, um partido mais à direita ou centrista em determinadas regiões, tem posições mais progressistas ou de esquerda, em outras.
3) Uma nova atitude perante o governo da Presidenta Dilma:
Temos como ponto de partida que o governo da Presidenta Dilma será um excelente governo: de afirmação dos elementos de continuidade do governo do Presidente Lula e de superação - pelo enfrentamento que teremos - de novas questões econômicas e de gestão.
Devemos defender que a posição do nosso Partido, em relação às decisões presidenciais, deve buscar interferência no conteúdo das decisões de maneira franca e aberta, mas devemos nos pautar pela sustentação política irrestrita do governo. O PT não pode ameaçar com “cisões”, em votações no parlamento ou fora dele, para pressionar o centro do governo a tomar decisões que são de responsabilidade de governo, que respondem perante toda a sociedade. A Mensagem deve defender que o PT seja o centro de gravidade de sustentação estratégica do governo e o promotor da sua estabilidade, sem contrapartidas.
4) Uma nova atitude perante a esquerda global:
Devemos estimular, no interior do Partido, uma relação com os polos renovadores da esquerda mundial. Sem deixar de estabelecer vínculos de solidariedade e diálogo com os partidos sociais-democratas progressistas e os partidos comunistas tradicionais.
Está claro, hoje, que tanto os partidos comunistas de vertente stalinista, como os de corte não stalinista, bem como os partidos sociais-democratas tradicionais, não apresentaram respostas convincentes e renovadoras, até agora, para o socialismo democrático, na atual crise da esquerda e do projeto neoliberal. A busca incessante de novas articulações com focos alternativos de produção teórica e política, acadêmica ou não, são fundamentais para a renovação da esquerda brasileira e do nosso PT.
5) Uma nova atitude perante a crise neoliberal:
O projeto neoliberal está, evidentemente, em crise. Mas ele ainda não perdeu a hegemonia, porque as ideias neoliberais têm, na captura que o capitalismo financeiro fez da política e das funções públicas do Estado, uma força coercitiva extrema, através da mídia.
Disputas pontuais, regionais ou não, globais ou não, com o projeto neoliberal, devem compor uma totalidade programática que responda à crise do neoliberalismo, não a partir da dogmática tradicional da social-democracia ou do velho comunismo, mas sim através de uma “terceira posição”.
Devemos, assim, buscar um terceiro caminho. O terceiro caminho, democrático e socialista, não se encontra entre o keinesianismo e o neoliberlaismo. O terceiro caminho da revolução democrática nacional é a reinvenção da ideia do socialismo, através da democracia.
O terceiro caminho é o caminho da revolução democrática como utopia concreta, com o programa que se reconstrói, incessantemente, e constrói, ao mesmo tempo, através dos governos, um novo modo de vida, promovendo uma organização econômica da sociedade, que crie sucessivos patamares de igualdade social, combinados com uma vivência democrática plena.
O papel da Mensagem no novo período
Nossa posição deve estabelecer vínculos de solidariedade e relações permanentes de diálogo e concertação com todas as correntes do PT. Devemos tratar, em cada caso concreto, dos temas específicos que estão sendo debatidos ou dos conteúdos concretos da resolução que está sendo tomada, para não efetuar disputas principistas, sem conexão com as questões políticas reais.
Não se trata de comportar-se como corrente de “centro”, internamente ao PT, mas de não aceitar o jogo simplório de que o PT tem uma “esquerda” e uma “direita”, já fixadas dentro do Partido, como se o conteúdo das posições - de esquerda e de direita - fosse designado pela simples nomenclatura autoreferida ou imputada, ou por uma profissão da fé verborrágica em defesa do socialismo ou da “moderação”.
Devemos nos comportar, dentro da bancada, baseados no princípio de que a maioria legítima decide os rumos políticos da bancada e que a bancada é uma bancada “de governo”.
Essa posição, porém, não exclui a necessidade de que tenhamos formas articuladas de proceder dentro dela, que devem aparecer no cenário político interno do PT, que sejam reconhecidas como posições da Mensagem.
Assim como os parlamentares da CNB ou da AE são conhecidos como tais, nós, da Mensagem, devemos também ser reconhecidos como integrantes de um movimento que tem as suas especificidades e diferenças.
Rio Grande do Sul: Uma experiência em favor da renovação
Nossa experiência, ainda inicial, à frente do Governo do Estado do Rio Grande do Sul busca enfrentar esse conjunto de questões. Procuramos, desde os primeiros dias de governo, iniciar uma profunda reestruturação da máquina publica estadual, com foco na recuperação das funções publicas do Estado e na garantia de sustentabilidade das ações estratégicas do governo.
Enfrentamos o tema da sustentação do sistema de previdência, apresentando uma proposta concreta baseada nos princípios de solidariedade de geração e de classes, que estão na base da organização de um Estado Democrático de Direito. Realizamos um debate aberto com setores corporativistas do funcionalismo público e logramos constituir uma ampla maioria no parlamento e na sociedade.
Também iniciamos a organização de um Sistema de Participação Popular e Cidadã, conjugando instrumentos consagrados de ativação da cidadania, como o Orçamento Participativo, e inovações, como o Gabinete Digital, sintonizadas com o desafio de pensar um modelo de democracia para uma sociedade em rede.
Apresentamos ao conjunto da sociedade gaúcha uma proposição de governo fundado sob a perspectiva do diálogo social ampliado – no qual o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social cumpre um papel decisivo. A disputa é pela hegemonia, não pela demarcação com conflitos sem perspectivas.
A dinâmica do CDES e demais instrumentos de participação, no entanto, não nos isenta da responsabilidade de construir uma sólida e respeitosa relação com o Parlamento, palco no qual se realizam os grandes debates públicos sobre o futuro do estado.
Acreditamos ser possível, dessa forma, contribuirmos com a atualização da agenda estratégica da esquerda brasileira, que absorva as potencialidades transformadoras da presença dos novos atores sociais na cena pública. E esta compreensão que buscamos cotidianamente compartilhar com o conjunto do governo nos leva a crer que nossos governos reúnem, se quiserem, todas as condições para oferecer um exemplo de renovação da democracia e da política neste início de século. Um governo transformador, republicano e profundamente identificado com os mais generosos valores do socialismo democrático.
segunda-feira, 25 de julho de 2011
CONVOCATÓRIA
Convocatória do Encontro Nacional da Mensagem ao Partido - 04, 05 e 06 de agosto – Brasília/DF
Companheiros e Companheiras,
1- Após a grande vitória nacional nas eleições de 2010, e passados os primeiros meses de nosso novo governo, a Coordenação Nacional da Mensagem ao Partido está convocando a todos os militantes do nosso Movimento para um esforço coletivo de elaboração política que visará subsidiar nossa participação no próximo Congresso Extraordinário do PT, marcado para o mês de setembro de 2011.
2-Para isso, realizaremos, na primeira semana de agosto, um Encontro Nacional em Brasília, com o objetivo de contribuir para este esforço de elaboração coletiva e democrática. Além disso, devemos também nos preparar para os desafios imediatos que estão colocados para a militância do PT, ou seja: a defesa do governo Dilma e do sucesso de suas políticas em contínuo avanço daquelas desenvolvidas no governo Lula, as mudanças organizativas necessárias para nossa trajetória como um partido de massas e democrático, a preparação do partido para enfrentar as eleições municipais de 2012 e os principais temas da agenda política nacional.
3-Nestes últimos anos, a Mensagem ao Partido consolidou-se como a segunda corrente política mais influente do Partido dos Trabalhadores. Além de partilhar o esforço de direção nacional do partido nestes anos de enormes desafios, os companheiros e as companheiras da Mensagem tiveram e têm participação destacada em vários ministérios estratégicos do governo Lula e, agora, do governo Dilma. A Mensagem expandiu sua força parlamentar nacional, em governos estaduais, em diversas administrações municipais, alcançou decisiva interlocução no meio intelectual de esquerda, enraizou-se em praticamente todo o país, está presente com força nos movimentos sociais, como na CUT e na UNE, nos movimentos feministas, nos movimentos negros e no movimento ambientalista. A Mensagem também tem um papel importante na Direção Nacional do PT, e na direção partidária em estados e municípios.
4-Esta convergência que expressa e alimenta-se de dezenas de milhares de militantes sociais, de jovens e maduras trajetórias socialistas, representa hoje uma forte corrente de opinião no interior do PT, que, por sua vez, é uma força decisiva na democracia brasileira.
5-Num primeiro momento, a Mensagem se aglutinou em resposta à crise do PT em 2005, em defesa dos valores republicanos como parte de nossa identidade, para logo em seguida tornar-se força ativa na construção do sucesso do Governo do Presidente Lula, afirmando um modelo de crescimento acelerado, forte distribuição de renda e papel ativo do Estado no financiamento do desenvolvimento.
6-Passados estes anos desde o surgimento da Mensagem afirmamos que persistimos na defesa dos valores republicanos e dos valores históricos do socialismo democrático, atualizados na experiência brasileira, que fornecem o cimento de nossa unidade enquanto coletivo.
7-Longe de nós pretendermos o monopólio da defesa destes valores no PT. Muitos companheiros e companheiras em outras correntes internas identificam-se com o que pensamos para o PT, para nosso governo, e para o Brasil na atualidade, como:
a) o apoio firme ao governo Dilma como fizemos ao governo Lula, ao mesmo tempo em que batalhamos por políticas mais progressistas e à esquerda na coalizão governamental, no Congresso Nacional, nos instrumentos e organizações de participação e pressão popular, nas instâncias partidárias nacionais;
b) a compreensão de que os avanços realizados pelo Governo Lula trouxeram uma nova etapa de contradições, potencialidades e pautas reivindicativas por parte da sociedade brasileira como um todo, dos setores que foram beneficiados por nossas políticas, e daqueles que atuam num novo contexto de ativismo social, trazido pelas redes sociais.
c) a priorização para programas de inclusão social, participativos, éticos, competentes, nos governos e parlamentos estaduais e locais, colocando os interesses da coletividade acima das individualidades;
d) a insatisfação que temos com alguns efeitos nocivos do sistema político sobre o nosso partido, expressos seja no esforço sistemático de nos preservarmos eticamente, bem como na luta pela reforma política necessária para afastar tais influências negativas do sistema atual;
e) o cultivo de mecanismos que expressem a democracia interna no PT de modo transparente, participativo, não excludente nem impositivo;
f) a postura solidária com os movimentos populares e democráticos que lutam no Brasil e em outros países contra as conseqüências do neoliberalismo, bem como a luta pela liberdade democrática e o respeito aos Direitos Humanos.
g) a vontade, expressa em ações, de alçar a reflexão política e o pensamento petista para além da conjuntura, a fim de municiar o partido e nossos governos de capacidade de equacionar os desafios estratégicos no interesse da maioria da sociedade e na perspectiva socialista.
8-A Mensagem ao Partido é um espaço petista de diálogo e de liberdade, e de construção de opiniões para o interior da agenda partidária. Buscamos nos referenciar
em idéias e práticas que façam avançar a igualdade social, a democracia e o socialismo. Temos responsabilidades com os rumos de nossos governos e com o conjunto da sociedade brasileira. Prezamos a importância da unidade do PT, elemento decisivo de suas vitórias e que tantas contribuições concretas e estruturais trouxe para a história brasileira nos últimos 30 anos.
9-Esta nossa unidade no pluralismo, esta disposição de construir juntos o PT, esta abertura ao diálogo, a busca para construir consensos progressivos no movimento e nas instâncias partidárias, têm renovado a força de atração da Mensagem no interior do PT. Por isso, a Mensagem tem procurado sempre renovar suas perspectivas e plataformas em compasso com os desafios colocados ao Partido dos Trabalhadores.
10-A terceira derrota consecutiva nacional das forças neoliberais e conservadoras cria um novo período potencialmente favorável ao avanço da revolução democrática. Se durante o período eleitoral, colocamos acento na idéia de continuidade, é preciso ganhar consciência sobre as novas dinâmicas políticas instaladas no país neste início do governo Dilma. Se, junto com a grande maioria do povo brasileiro, saudamos as conquistas dos governos Lula e anunciamos as possibilidades futuras de mudança, é preciso também ganhar consciência dos limites e impasses do nosso movimento político.
11-É preciso, pois, atualizar o programa da revolução democrática. Um programa que seja, não um somatório de bandeiras e metas, mas um sentido articulado de transformações, com centralidade na igualdade social e na democratização do poder, que estabeleça historicamente e de forma larga a coerência de nossa atuação em todos os setores das lutas sociais. Um programa como este, além de ser um elemento decisivo da renovação das perspectivas do PT, de diálogo com os movimentos sociais, pode ser um fator ativo de construção de legitimidade pública para a conquista das metas do governo Dilma e a consolidação de valores progressistas e democráticos na sociedade brasileira.
12-Um tal programa só pode ser construído, em seus fundamentos, com a contribuição ativa de todos os militantes da Mensagem, a partir de seus valores do socialismo democrático, mobilizando todo o seu potencial de criação e experiência. Essa contribuição deve ser dirigida - em diálogo - a todo o partido, com o objetivo de manter viva a capacidade de interlocução do PT com os anseios da sociedade brasileira, promovendo novos patamares de coesão política que dêem sustentação ao conjunto de transformações que o país necessita. Essa é uma tarefa do Partido dos Trabalhadores e de todo(a)s os seu(a)s militantes!
13-Agenda Preliminar do Encontro em Brasília
quinta-feira, 21 de julho de 2011
A primeira mensagem
A partir de agora, todos e todas quantos se agrupam políticamente em torno da Mensagem ao Partido encontram, potencialmente, neste espaço virtual um lugar de produção política, defesa de ideologias e publicações em geral. A moderação de comentários e postagens só se dará em casos extremos de ofensas e desconstrução das políticas ideológicas e dos direitos humanos, pelas quais lutamos históricamente. Desse modo, convidamos todos e todas a fazer deste instrumento um objeto concreto rumo a um processo contínuo de consolidação e avanço da Mensagem. Para tanto, a participação coletiva é fundamental.
Saudações petistas!
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